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Veja o filme, ouça o disco: Quadrophenia


Embora o filme, de Franc Roddam, foi realizado seis anos depois da gravação do disco, em 1979, Quadrophenia é um conto sobre a cultura mod desta década. Contudo, traz em seu enredo mais uma crítica do que exaltação do movimento. E não por acaso.

No verão de 1964, Pete Meaden, empresário da banda e mod de carteirinha, chegou a mudar o nome do grupo para High Numbers a fim de relacioná-los à cultura mod. Na trilha sonora é possível até se escutar dois resultados desta experiência: Zoot Suit e I’m the Face. Contudo, para quem escolhe uma pergunta como nome de banda isto não teria mesmo muito futuro. As músicas de Meaden tinham frases de efeito demais para o The Who e nem bem os High Numbers nasceram já terminaram.

Além do mais, como Quadrophenia questiona, qual é a viabilidade de se estar desligado do sistema político, econômico e cultural, numa época em que até a liberdade era uma ordem e tomar posição em qualquer situação uma exigência? Jimmy Cooper, o mod encarnado pelo ator Phil Daniels, depois de participar do ápice do movimento num episódio de anarquia e vandalismo no litoral de Brighton, percebe que os ideais mod não iam muito além de um estilo de vida que se resumia em vestir ternos de alfaiataria, andar de lambreta e ouvir bandas de garagem britânicas, como The Kinks, Animals e o próprio The Who. Ele sente-se encurralado pelo “sistema” ao ver que até seu ídolo Ace (interpretado por Sting) embora pregasse desapego total da sociedade em favor da filosofia da tribo cultural, trabalha como mensageiro de um hotel.

Embora a documentação do narcisismo da juventude bretã da era pré-Tatcher torna-se um tanto cansativa no decorrer do filme, a estética e a trilha sonora compensam. Era uma época de individualismo e niilismo tão maduros que vemos uma estética muito sedutora. Ainda mais para nós que somos da geração 1990. O filme puxa o fio condutor da reflexão e descobrimos que a pergunta “Who?” é ainda a melhor resposta.

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