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Hypocrites | Mulheres no Cinema


Fora Chaplin, nenhum outro filme mudo havia me tocado como Hypocrites (1915), de Lois Weber, uma das diretoras pioneiras do cinema e a das mais importantes na história. Nessa narrativa, vemos um gênero diferente para a época. Uma alegoria religiosa, em que os personagens muitas vezes se deslocam através de paisagens que representam estados espirituais e jornadas. A cada mulher no cinema que descubro, mais vejo que o cinema feito por elas tem a marca da crítica e do rompimento estético.

Em um climão de A Divina Comédia, os personagens vagueiam de um local para outro de forma alegórica sem uma geografia unificada ou linha temporal. Os eventos não tem consequências físicas. A ação é baseada na expressão espiritual. O efeito total em quem assiste é tocante. Como a cena deste trecho que catei no Youtube (abaixo). Uma mulher, na beira do que seria o abismo, pede a mão ao padre. Este, ao invés de se voltar para ela, ergue as mãos para o céu.

Li que a diretora tinha essa marca de criticar a realidade deslocando a visão do expectador para uma espécie de universo onírico. Os personagens se comportam de maneiras incomuns. Todo mundo parece estar distraído para a vida e suas emoções interiores são o fator dominante na narrativa. É como uma visão aberta a muitas interpretações.

A mão que balança os sentimentos.

Atriz, diretora, roteirista e produtora, Weber tinha ideias filosóficas muito próprias. É marcante na expressão de seus filmes a preocupação com a humanidade e a justiça social. Tanto que foi uma das primeiras censuradas na Hollywood do começo do século XX.

Contudo, seu pioneirismo vai muito além. Usou a técnica da tela dividida para mostrar ação simultânea em “Suspense” (1913) pela primeira vez. Ainda, neste mesmo ano, já fazia experimentos de cinema sonoro e foi a mulher que, antes de todas, fez o primeiro longa-metragem. Em 1917, já tinha seu próprio estúdio de cinema. Inclusive, neste filme Hypocrites, é ela que dá direção à primeira cena de nudez frontal do cinema.

Não encontrei o torrent para baixar o filme completo, tampouco sei se ele se perdeu no tempo como muitos dela. Mas fica aqui uma pequena e significativa mostra. É emoção garantida. “Where Are My Children” (1916), também da diretora, está completo no Youtube. É só clicar.

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