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Uma nova revolução sexual | Mulheres no Cinema


Fiz uma pesquisa na internet e constatei: quase nunca mulheres recebem sexo oral em filmes pornôs. A não ser em “thrillers” de temática lésbica. Mas ainda assim, se você analisar bem, verá que muitos são feitos para os homens, para macho ver.

Esse é o sintoma apontado neste texto que fala sobre a forma como a cinematografia pornô é toda voltada para o homem e como isso dificulta as relações sexuais entre as pessoas. Leia como há uma tendência geral de fazer as atrizes chorarem, se humilharem e se submeterem a situações bizarras. Sem generalizações, ok. No entanto, podemos afirmar que a perspectiva da câmera é invariavelmente sempre do ponto de vista masculino ou num contexto geral da cena. Nunca é a partir da visão da mulher na hora do ato sexual.

Falar em pornografia, portanto, acaba sempre como algo agressivo, pesado, porque não tem como fugir da objetificação do feminino e da centralização do prazer no homem. Além de mostrar o sexo sob perspectiva de idealização machista que nada tem a ver com a realidade, carrega todo peso da castração social.

Moralismo ou desejo?

Assim, não é de hoje que feministas são tachadas de frígidas e moralistas por denunciarem a prática dos vídeos pornôs. Elas acusam a pornografia mainstream de levar várias meninas a ter vergonha da própria vagina. E, sem qualquer consciência do próprio corpo e do que lhes dá prazer, acabam aceitando a submissão e anulação do prazer como algo natural. Abrem mão de gozar, de exigir satisfação e se contentam com uma intimidade fabricada por um romantismo ilusório como consolação. Mas sexo prazeroso em sua plenitude elas dificilmente conseguem.

Sem falar de aspectos sociais graves que tornaram o gosto por pornografia um problema para mulheres engajadas no movimento feminista. Li no Think Olga que “80% das sobreviventes do tráfico de pessoas relatam que seus algozes usaram a pornografia para mostrar a elas como deveriam se comportar em seu estado de escravos sexuais. Muitas vezes, essas vítimas também são fotografadas e filmadas para a indústria pornô, a fim de multiplicar o ganho de seus sequestradores. Além disso, muitas atrizes pornôs relataram situações análogas ao tráfico humano e/ou à escravidão sexual”. Fora as práticas violentas que estouram órgãos genitais e a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis que encurtam a vida dos profissionais ou a deixa bem precária. “A excitação é doce, mas a objetificação da mulher é amarga”.

O pornô, assim como a prostituição, nunca vai acabar. Fato. E o problema não parte deles, mas da forma como são explorados. Essa é a visão do movimento do cinema pornô feminista. Por isso, várias diretoras constroem uma filmografia com uma perspectiva diferente. Como por exemplo, o uso da imagem dos corpos sem idealização, naturais. O que é mais esteticamente trabalhado são os elementos artísticos como ângulos, uma fotografia mais caprichada e uma trilha sonora adequada.

A cineasta sueca Erika Lunst, quem disse a citação que transformei em subtítulo, um dos maiores nomes do gênero, falou que a primeira vez que viu um filme pornô sentiu certa revolta. "Eu me senti traída. As mulheres estavam sendo tratadas como objetos e como se não tivessem seus próprios desejos. Para mim isso parecia injusto, precisa mesmo ser daquele jeito?". Partindo dessa indignação, quando estudava ciência política e gênero, descobriu que a pornografia funciona como educação sexual não só para adultos, mas também para jovens que nunca fizeram sexo. E daí começa seu trabalho. Em seu primeiro filme, “Good Girl”, a personagem principal tenta o tempo todo satisfazer a si mesma. O enredo é o clichê do entregador de pizza, mas com este diferencial. Novos tempos

Em geral, filmes pornôs tradicionais, trazem um sexo irreal onde o prazer feminino é ignorado. Só tem a ver com as fantasias sexuais masculinas. Quando mostram um homem chupando uma mulher, além da cena ser curta, a maioria se assemelha a um cão bebendo água. Vi atrizes num truque cinematográfico nada incrível esguichando feito garrafas de refrigerante, entre outras picaretagens que podem funcionar muito bem numa punheta mas que na hora H é um desastre. Os machos nunca viram problema em acreditar num sexo assim porque mulheres foram reprimidas sexualmente e treinadas a elogiar o bofe mesmo quando este é um completo analfabeto sexual. Mas isso vem mudando, inclusive o cenário do cinema pornô. A atriz Pandora Blake, de 29 anos, disse na Conferência Internacional de Pornografia Feminista de 2014, em Toronto, Canadá, que "Se é possível fazer sexo de forma feminista, é possível também filmá-lo desta forma". E é na forma como as atrizes são tratadas que vêm a maior mudança nos aspectos negativos que citamos acima. Pornógrafas feministas atribuem às atrizes autonomia significativa no tipo de sexo que desejam encenar diante das câmeras e as estimulam a curtir a experiência. "As atrizes podem negociar que tipo de práticas sexuais querem fazer, levando em consideração sua segurança. Elas podem inclusive escolher também seus parceiros de cena", diz a atriz australiana Zahra Stardust, que atualmente cursa doutorado na New South Wales Universit. Obviamente, isso já é um ponto fundamental para gerar um resultado bem mais interessante.

[if !supportLineBreakNewLine]+ Dicas.

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