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Fletcher


Abriu a porta com dificuldade. Acendeu a luz. Mas… O que…? O que era aquele tanto de pena na sua sala? FLETCHER! Gritou pelo felino que dividia o apartamento com ela. Uma pomba! Uma pomba com uma anomalia no bico, morta no meio da sala! Quedou-se de joelhos para observar a cena mais de perto, mas ainda sem se aproximar. Que droga ter que limpar aquilo tudo. Fletcher… Chamou baixinho enquanto pensava na crueldade do bichano que ela tanto amava. Que absurdo! Que maldade desmedida! Repugnou-o por um instante, o pequeno instante em que ele apareceu se esticando todo. Sonolento, esticando tanto as patinhas até expulsar as unhas para fora. “Miau”. O sádico parece que sorria ou lhe pedia leite ou lhe perguntava indiferente como fora a festa. Ficaram se olhando por um bom tempo. Até que ela lhe perguntou: “Se não foi para comer por que você a matou, Fletcher?”. Majestoso, o amigo lambeu a patinha gorda e virou as costas para ela sem nenhuma explicação. Sumiu na escuridão do resto da casa sem prestar satisfação.

Ela então se levantou e foi pegar uma vassoura e uma pá. Que boba era ela. Deveria ser como Fletcher, na verdade.

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