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Quero



Quero parar com essa compulsão a racionalizar sempre, mesmo quando não é possível. Quero pisar com mais segurança em terrenos traiçoeiros. Quero ser mais forte, mais apaixonada e mais volúvel. Tipo acreditar que um óculos, uma sandália, um colar ou uma frigideira vão me proteger contra todos os males. Tipo não ter medo do ridículo e não dar o poder a ninguém de me dizer se sou ou não isso ou aquilo. Acho que a vida fica mais fácil quando a gente aceita com resignação o caos. Quero aprender a ficar mais calada, falar menos de mim para as pessoas. Quero aprender a fazer mistérios, quebrar estereótipos. Ser mais egoísta e mais terna. Olhar dentro de olhos alheios e ler a íris das pessoas. Inventar amores até que eles se realizem. Quero mais histórias contadas e vividas do que lidas e escritas. Quero paradoxos e não ficar confusa ou ter náuseas com eles. Quero aprender a perder para ser sempre uma vencedora. Quero mentiras que resolvam e não verdades que compliquem. E que as verdades se cansem de nos dar tapas na cara!

E quando elas derem, que eu saiba rir e não pare de gozar nunca… Orgasmos nunca cessem! … e não excluam juras de amor. Quero que tudo me aconteça para sempre sem que nunca eu deixe de começar. Que eu nunca seja, que eu nunca saiba demais para não cansar de me surpreender com a sabedoria alheia. Que eu seja presa fácil de armadilhas de academias e notas musicais e, ao mesmo tempo, seja uma predadora de almas desavisadas. Eu quero ser boba e não me importar e nem tentar me cobrar se meus sonhos mudam a cada dia. Eu desisto… e que o sentimento de solidão nunca me apunhale pelas costas enquanto finge ser bom.

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